Cruzamento entre pais e filhotes

By Fernanda Martins on 30 de novembro de 2009

Tenho uma cadela Rottweiler e ela deu cria. Meus filhos estão querendo ficar com um filhote macho mas eu queria saber se quando ele ficar adulto poderá cruzar com a mãe dele e se não haverá problemas.
(Cinobelino Mendes Leal Neto – Teresina / PI)

Não há nenhum impedimento em ter mãe e filho juntos, porém não é recomendável que eles cruzem. Porque se houver cruzamento entre eles, ocorrerá consanguinidade, isto é, cruzamento entre parentes próximos: mãe e filho, pai e filha e entre irmãos.

Este tipo de cruzamento é bastante utilizado pelos criadores com o intuito de aperfeiçoamento das raças, mas ele também traz o grande problema do empobrecimento genético. Pois ao mesmo tempo que fixa qualidades desejáveis, também aumenta as chances de aparecimento de doenças, uma vez que ressalta características recessivas indesejáveis que estavam inaparentes. Ou seja, os genes “ruins” que determinavam a doença estavam encobertos por genes “bons”, que não deixavam que a doença aparecesse.

O mecanismo pelo qual essas doenças surgem, através da consangüinidade, é o seguinte: dois cães irmãos possuem um gene x (x pequeno) que determina uma certa doença. Porém esse gene x está encoberto por um gene X (x grande), que não permite o aparecimento da doença. Se cada um dos irmãos cruzar com um outro cão que não possua esse gene x, a doença não ocorrerá, porque certamente esse gene estará encoberto. Mas, se os irmãos cruzarem entre si, haverá 25% de chance de que os dois genes x se encontrem e de que essa doença ocorra. Logo, o cruzamento entre animais que não são parentes acrescenta genes novos à linhagem e diminui as chances de surgirem doenças hereditárias.

Uma pesquisa realizada pelo Imperial College de Londres mostrou que os cruzamentos entre cães com parentesco próximos são tão comuns em Pugs que os cerca de 10 mil animais registrados na Grã-Bretanha vêm de uma linhagem de apenas 50 indivíduos distintos. O professor de genética do University College of London, Steve Jones, alertou: “Isto é absolutamente insano do ponto de vista da saúde dos animais. Algumas raças estão pagando um preço terrível em termos de doenças genéticas”.

Muitas anormalidades podem ocorrer devido a esse tipo de cruzamento, desde alterações genéticas, como displasias e criptorquidismo (testículo localizado fora da bolsa escrotal), até doenças neurológicas, como epilepsia. É uma pena que muitos criadores se preocupem apenas com o aperfeiçoamento da raça em detrimento à saúde dos descendentes, muitas vezes gerando sofrimento nos animais, não só devido a doenças, mas também por exagero em algumas características. Um exemplo são alguns cães da raça Pug que simplesmente não respiram direito porque possuem focinhos extremamente achatados, prejudicando suas vias respiratórias; ou cadelas de raças mini, como Yorkshire Terrier e Poodle Toy, que por serem muito pequenas, não conseguem ter um parto natural e precisam de intervenção cirúrgica para conseguir dar a luz a seus filhotes.

Portanto, evite cruzar animais que possuem parentesco próximo. Se macho e fêmea parentes morarem no mesmo ambiente, retire o macho do local no período de cio da fêmea, porque os cães sempre tentarão encontrar um jeito de acasalar. Uma medida bem mais eficaz é esterilizá-los, pois dessa forma não haverá sustos. E se a intenção for acasalar os cães, procure um cão que não seja parente, assim haverá maiores chances de nascerem filhotes saudáveis. A variabilidade genética agradece!

Poodle caliente

By Fernanda Martins on 18 de outubro de 2009

Tenho um cão Poodle (macho), que tirei da rua prestes a morrer. Cuidamos dele até recuperar-se totalmente, e hoje é nosso companheiro amigo e fiel. Gostaria de saber se é normal dessa raça a excitação periódica. Ele “resolve o problema sozinho” mas é desagradável perto de outras pessoas. Como posso amenizar isso e como devo proceder?
Se puder ajudar agradeço desde já.

(Renato)

Olá Renato,

realmente essa “mania” nos causa muito constrangimento…

Para resolver este problema você pode usar florais de bach (para equilibrar o “ânimo”), pode adestrá-lo (o adestramento costuma resolver muito bem problemas comportamentais), pode procurar namoradas para ele (porém existe o risco do problema não se resolver ou mesmo piorar), ou pode optar pela castração (na tentativa de diminuir sua “virilidade” – geralmente dá bons resultados).

Sugiro que procure o veterinário que acompanha seu cão para que ele lhe apresente as melhores opções.

Próstata e castração

By Fernanda Martins on 2 de outubro de 2009

Tenho um Border Collie de 8 anos diagnosticado por ultra-som com hiperplasia de próstata e me foi recomendado sua retirada e castração. Tenho receio com relação a estas operações, especialmente a castração. É realmente necessário? Não é possível realizar apenas a retirada da próstata (como em humanos) sem castração, já que nessa idade ele pode perder o interesse por exercícios? Ele já está ficando sedentário e engordando. Tenho mais um cão e uma cachorra que vivem juntos. A castração pode afetar a ‘posição social’ dele na matilha?
(Mário Bianco – São Paulo/SP)

Olá, Mário

A hiperplasia prostática ocorre como resultado do estímulo androgênio, e nesse caso é prudente a retirada das gônadas (testículos são a fonte dos hormônios andrógenos), pois a involução da próstata só ocorrerá após a castração.

Para animais de reprodução, essa medida não é desejável e podemos recorrer à terapia com medicamentos antiandrogênicos. Porém estes só reduzem o tamanho da prostática temporariamente.

Suas dúvidas são bastante comuns, os proprietários sempre consideram os efeitos “maléficos” da castração. Porém acredito que todos eles possam ser resolvidos com medidas muito simples e que não se tornarão nocivos para a vida do animal.

Quanto ao desinteresse por exercícios, basta criar uma rotina para acostumá-lo a se exercitar. Isto pode ser feito através de passeios mais longos ou do aumento do número de vezes que vocês vão à rua.

Os cães castrados têm realmente tendência ao aumento de peso e se isso ocorrer, você deve recorrer às rações light.

Acredito que seja difícil ele perder sua posição na matilha, uma vez que ele já está inserido há bastante tempo e sua posição já está consolidada.

Cinomose

By Fernanda Martins on 21 de setembro de 2009

No intervalo entre a 1° e a 2° dose de vacinação, meu yorkshire (de 5 meses) teve contato com outro cão que morreu devido a cinomose. Gostaria de saber qual o risco dele ter contraído a doença, sinais de alerta e em quanto tempo eles podem aparecer. Caso se confirme esta possibilidade como devo proceder?
(Rafael Cassaro)

Rafael,

existe sim o risco em se contrair a doença, uma vez que a imunidade dada pela vacina (no caso dos filhotes) só é garantida após a terceira dose. Porém acredito que você não deva se preocupar, pois pelo tempo de uma possível exposição ao vírus, seu cão já teria apresentado os sintomas da doença (aparecem poucos dias após a infecção).

Os sintomas incluem: vômito, diarréia, corrimento nasal, espirros, corrimento ocular mucopurulento, febre e sintomatologia nervosa (desorientação, cabeça pendente, convulsões e etc).

Caso haja algum desses sinais leve seu cão imediatamente ao veterinário, que irá administrar a terapia adequada.

Espero ter ajudado e conte sempre com a gente.

Cuidados com um cão mais velho

By Fernanda Martins on 10 de agosto de 2009

Possuo uma Setter Irlandês chamada Lisa que vai completar 9 anos. Gostaria de saber quais os cuidados que se deve ter com um cão mais velho?
(Emília Cardoso Pereir – Psicóloga – Cabo Frio / RJ)

Emília,

um cão com 9 anos já é considerado “sênior” e isso exige atenção. Com um cão mais velho, devemos cuidar principalmente da alimentação; utilizando rações específicas que forneçam nutrientes necessários à sua faixa etária (algumas rações possuem anti-oxidantes para reduzir os efeitos do envelhecimento) e para que o seu peso seja controlado. Lembre-se que após certa idade crescem os riscos de diabetes e o excesso de peso prejudica as articulações.

Muitas vezes é necessário suplementação de compostos que ajudam na manutenção e suporte das cartilagens, uma vez que em cães idosos é comum o aparecimento de atrites e artroses.

As vacinas seguem o calendário normal sem alterações.

A visita ao veterinário deve ser semestral (ao menos), para que, através de um acompanhamento, sejam avaliadas suas condições corporais e em caso de problemas, seja aplicado o tratamento adequado.

Cruzamento entre Beagle e Fila, pode?

By Fernanda Martins on 3 de agosto de 2009

Eu possuo um beagle (macho) e um fila brasileiro (fêmea) que está no “cio”. Existe a possibilidade dele cobrí-la mesmo com a diferença extrema de tamanho?
(Reginaldo B de Souza)

Reginaldo,

existe sim a possibilidade de um macho de menor tamanho cobrir (cruzar) com uma fêmea maior, para isso basta ela aceitá-lo. Esse tipo de caso é bastante comum na rotina de clínica, pois para a fêmea não é o tamanho do macho que influencia, mas sim suas aptidões ou mesmo disponibilidade (se só há ele disponível).

Não considero uma boa escolha a mistura de duas raças tão distintas. Por isso, a minha dica é deixar sua cadela presa no período do cio para que os machos não tenham acesso à ela, ou levá-la para outro local de confiança até que passe essa fase.

Lembre-se que a mistura entre raças é uma caixa de surpresa e não podemos prever com precisão que tipo de filhotes irão nascer.

Carrapatos vs Ivermectina

By Fernanda Martins on 29 de julho de 2009

Meu vizinho tem um cão com muito carrapato. Ele já passou Kombat líquido mas não teve sucesso. Gostaria de saber se ele deve aplicar Ivomec.
(Paulo Cesar Francisco – Tec Segurança no Trabalho – Pitangueiras / SP)

Olá Paulo Cesar, o Ivomec (Ivermectina) tem sido usado com sucesso para controle de ectoparasitas em cães, entre eles o carrapato.

Porém, vale ressaltar que esse medicamento deve ser usado com cautela e com acompanhamento de um médico veterinário, pois ele pode causar intoxicação. Algumas raças são mais sujeitas à reações adversas, como os collies, afgans, pastores australianos, old english sheepdogs, pastores de shetland e outros cães que resultam de cruzamentos dessas raças. A intoxicação por Ivermectina resulta da concentração da droga no sistema nervoso central (SNC) e raças suscetíveis como estas podem apresentar esse quadro, mesmo quando aplicada a dose recomendada.

Não é aconselhado o uso da Ivermectina em filhotes com menos de 6 semanas de idade, em gestantes ou em doses diferentes das indicadas na bula do medicamento.

A dica é conversar com o seu médico veterinário e comparar entre os produtos do mercado pet, que também sejam destinados para o controle de carrapatos, os que possuem maior margem de segurança.

Além do seu vizinho, você também deve tratar seu cão para evitar uma infestação.

Shih tzu agressivo?

By Fernanda Martins on 23 de julho de 2009

Tenho uma cadela Shih Tzu e gostaria de saber se é normal ela ficar mais agressiva depois de uma certa idade. A minha vai fazer 2 anos e está começando a morder.
(Caroline Morgado – Estudante – Rio de Janeiro / RJ)

Caroline, os Shih Tzus são cães de companhia extremamente dóceis e não são conhecidas mudanças de comportamento com a idade (veja uma tabela com a idade dos cães aqui).

O que pode ocorrer nesses casos é o cão estar insatisfeito com algo, como por exemplo, ficar preso durante muito tempo e não se socializar (isso pode gerar agressividade), estar com algum tipo de desvio de comportamento, ciúme de outro cão, ou algum tipo de dor, e por não falar, morder.

O mais indicado é levar seu cão ao seu médico veterinário para que ele avalie sua saúde e descarte qualquer patologia. Se o problema for somente comportamental, o adestramento costuma resolver.

Enquanto isso, vai uma dica: toda vez que ele morder alguém, borrife água nele (vc pode usar spray para molhar planta). Assim ele vai se assustar e parar. Essa medida não tem contra-indicação, pois como sabemos, água não faz mal a ninguém.